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Tomada de Monte Castelo

Publicado: Quinta, 27 de Fevereiro de 2020, 17h30 | Última atualização em Quinta, 19 de Março de 2020, 19h04

Itália, 21 de fevereiro de 1945. Transcorreram setenta e cinco anos desde aquela memorável data em que o soldado brasileiro escrevia com coragem, fé nos ideais de liberdade, sangue e heroísmo uma das mais notáveis páginas da nossa história: a tomada de Monte Castelo.

O comando alemão havia organizado uma linha de defesa apoiada nos Apeninos, particularmente a cavaleiro das estradas que se dirigiam para Bolonha, procedentes do Sul da Itália. O setor mais disputado situava-se a oeste da rodovia sessenta e quatro, entre os rios RENO e PANARO. Nessa região, o relevo bastante acidentado obrigava as penetrantes a percorrerem os vales. Portanto, qualquer movimento para o Norte das tropas aliadas dependia da posse das alturas que exerciam comandamento sobre os vales e as estradas.

A faixa do terreno, situada entre o curso do rio RENO, no trecho PORRETA TERME - VERGATO, e o arco montanhoso entre os montes BELVEDERE - DELLA TORRACIA - DELLA VEDETTA destacavam-se como obstáculos de vulto no caminho para Bolonha.

A 232a Divisão de infantaria Alemã, tropa experiente e bem equipada, encontrava-se firmemente aferrada ao terreno, ocupando posições organizadas bastante favoráveis à defesa.

O comando do IV Corpo de Exército Norte-americano, avaliando que a posse de MONTE CASTELO possibilitaria melhores condições para o lançamento da ofensiva prevista para dezembro de 1944, com vistas à conquista de Bolonha, atribuiu a seguinte missão as suas divisões subordinadas:

- impedir que o inimigo utilize a crista do MONTE BELVEDERE;

- conquistar e manter a  região de MONTE CASTELO - MONTE  DELLA TORRACIA - MONTE TERMINALE; e

- ficar em condições de liberar todas as unidades brasileiras quarenta e oito horas após a conquista desses objetivos.

Para cumpri-la, foi designado o 45° Grupamento Tático Americano, reforçado por um Regimento de Infantaria, um Esquadrão de Reconhecimento e um Pelotão de Engenharia procedentes da Divisão de Infantaria Expedicionária.

Os ataques levados a efeito nos dias 24 e 25 de novembro não obtiveram êxito, pois as tropas aliadas foram rechaçadas para as posições de partida pelos carros de combate alemães. Outros dois ataques foram executados a 29 de novembro e 12 de dezembro.

Uma série de fatores foram levantados como motivadores do insucesso dos ataques: a constituição heterogênea da tropa, o emprego parcelado de Forças (não se empregou o Princípio da Massa), a quebra de sigilo durante as operações de Substituição e Ultrapassagem, a falta de fogos de preparação de Artilharia, a tropa cansada e sem recompletamento, a falta de informações sobre o inimigo, o Ataque Principal com fraco Poder de Combate, os Ataques Secundários não cumpriram suas finalidades, as reservas fracas que não foram empregadas, a falta Apoio Aéreo, o terreno difícil, o agravamento das condições meteorológicas, a deficiência de carros de combate, Artilharia e Engenharia, a suspensão prematura dos fogos de Artilharia, o valor combativo e aproveitamento judicioso do terreno pelo inimigo.

Decidido a transformar os reveses em vitórias, o Marechal Mascarenhas de Moraes adotou várias providências, entre as quais destacaram-se:

  • mudança no estilo de comandar, assumindo, direta e pessoalmente, a direção de todas as operações de combate;
  • intensificação das ligações de comando com o IV Corpo de Exército;
  • estímulo ao trabalho de Estado - Maior da FEB;
  • intensificação do adestramento dos quadros e da tropa, aprimorando-lhes a
    instrução à luz das próprias experiências colhidas na guerra, aproveitando a fase de estabilização, durante o inverno de 1944 - 45; e
  • restauração psicológica da tropa, de forma a elevar-lhe o moral.

A conquista de MONTE CASTELO passou a ser, então, um compromisso de honra para o soldado brasileiro.

Em 21 de fevereiro de 1945, a 1a Divisão de Infantaria Expedicionária lançou-se ao ataque a Monte Castelo. A Oeste de sua zona de ação, atacou a 10a Divisão de Montanha, tropa estadunidense de elite, adestrada para o combate em região de montanha.

Graças ao ímpeto e a coragem daqueles brasileiros, que confiaram suas vidas à nobreza da missão recebida, deixando de lado as mais variadas adversidades, às dezessete horas e trinta minutos a Bandeira Brasileira tremulava altiva em Castelo. A FEB sofreu, naquele dia, cento e doze baixas.

Segundo o General MARK CLARK, aos pracinhas coube o mais duro setor da frente dos Apeninos.

Estava consolidado o prestígio da Força Terrestre Brasileira na Europa. Na sequência, outras vitórias foram alcançadas: LA SERRA, CASTELNUOVO, MONTESE, ZOCCA, COLECCHIO e FORNOVO Dl TARO.

Reverenciar a conquista de MONTE CASTELO não significa apenas uma reflexão a respeito da história militar brasileira. Significa, sim, refletir sobre:

  • a participação do soldado e cidadão brasileiro na defesa dos ideais de liberdade e igualdade dos povos e nações;
  • o amor à Pátria;
  • a coragem e determinação diante do perigo; e
  • a simplicidade, a solidariedade e o sacrifício dos nossos pracinhas, diante de um inimigo astuto e experimentado.

O mesmo sentimento de fé, presente no soldado brasileiro que conquistou MONTE CASTELO, encontra-se, também, na alma do soldado de hoje, que, fiel aos ideais dos "pracinhas", trabalha, muitas vezes anônimo, na construção de um BRASIL DE ORDEM E PROGRESSO.  

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